Notícias
Se a proposta apresentada pelo governo interino de Michel
Temer, de desvincular os reajustes das aposentadorias do
salário mínimo, vigorasse há dez anos, os valores dos
rendimentos teriam caído cerca de 40%, segundo estudos
feitos pelos economistas João Sicsú, professor da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e Eduardo
Fagnani, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O estudo, que consta na cartilha Entender e Defender a
Previdência Social, será apresentado nesta sexta-feira (15)
durante seminário promovido pelo Sindicato dos Bancários
de São Paulo, Osasco e Região, no centro da capital.
Segundo previsão dos economistas, sem a vinculação com o
salário mínimo, o valor médio do vencimentos pagos aos
aposentados e pensionistas cairia dos atuais R$ 1.608 para
para R$ 1.013.
Em entrevista à repórter Marilu Cabañas, da Rádio Brasil
Atual, Sicsú diz que o cerne do modelo proposto pelo
governo interino para o setor é de Previdência Social cada
vez mais restrita, de menor alcance, gerida pela iniciativa
privada.
"A Previdência tem um sentido essencialmente social, e não
um sentido econômico e exclusivamente contábil. Essa visão
distorcida leva à redução do bem estar da sociedade", afirma
o economista. Ele lembra que as aposentadorias e pensões
são pagas a 30 milhões de pessoas, que garante não só a
sobrevivência das famílias como colabora também para a
estabilidade econômica do país. Desses 30 milhões de
benefícios, 70% correspondem ao valor de um salário
mínimo.
Segundo o professor, apesar da recuperação de cerca de
70% do valor do salário mínimo nos últimos anos, o valor de
R$ 880 ainda é muito pequeno. "Querer pagar menos do que
isso representa, de fato, um arrocho aos aposentados,
pensionistas e beneficiários da Previdência", diz Sicsú.
Falso déficit
Sobre o propalado déficit do sistema previdenciário, pano de
fundo para as propostas de reforma, Sicsú afirma que para
esse cálculo não estão sendo contabilizadas as contribuições
obrigatórias do governo, que compõem o sistema tripartite
de financiamento da Previdência Social, conforme definido
pela Constituição de 1988. Se contabilizadas, o déficit deixa
de existir.
"Não existe esse tal déficit da Previdência Social, porque o
nosso sistema, como é no mundo avançado, é tripartite.
Sustentado por trabalhadores, empregados e governo. Aqui
no Brasil não se contabiliza a parte do governo. A
Constituição de 1988 estabelece orçamento onde o governo
tem participação. Não se pode fazer essa conta só da folha
de pagamento, da contribuição de empresários e
trabalhadores", detalha o economista.
Fonte: Rede Brasil Atual